sábado, 14 de maio de 2016

Mobília

“Fica tanto em casa que já se sente parte da mobília”...
E quando a sensação é inversa e você sente que é a mobília que faz parte de você...
Quando você olha em volta e percebe em cada bibelô, "junta poeira", quadro e objetos improváveis um pedacinho da sua história...
Da sua família, das amigas e amigos, dos lugares por onde andou...
Das descobertas num sebo no Centro Histórico de Salvador, nas Igrejas de Ouro Preto, no pôr do sol na Graciosa, nas trilhas da Chapada dos Veadeiros; e do carinho das pessoas que se lembraram de você quando por algum canto mundo passavam...
É como reviver cada um daqueles momentos outra vez... E tantas vezes mais seu olhar conseguir captar...

E nessa cadência de recordações resta, oxalá, um grande encontro com você...

terça-feira, 8 de março de 2016

Hoje quero falar das flores - 8 de Março



Hoje eu quero falar das flores... Não dessas flores que foram separadas para as distribuições "comemorativas" do 8 de Março. Quero falar daquelas flores que diariamente são depositadas nos túmulos das mulheres vítimas de violência neste país. Conte dois minutos no seu relógio, talvez se você prestar atenção, poderá ouvir uma vítima pedindo socorro, ou pior, a notícia de mais uma morte, "por motivos passionais", como possivelmente será noticiada. A cada dois minutos, cinco mulheres são espancadas no Brasil e, em média, 13 são assassinadas diariamente.

Quero falar das flores que foram depositadas para Maria e Marina, assassinadas enquanto realizavam o sonho de viajar pela América do Sul. Elas estavam viajando "sozinhas", como foi repercutido pela imprensa, embora estivessem uma na companhia da outra, e por estarem "sozinhas" foram culpadas.

Quero falar das flores e dos espinhos diários que nos ferem, aprisionam, sangram, silenciam, discriminam e matam. Quero falar da sensação que eu sinto quando me vejo "sozinha" cruzando um estacionamento escuro, correndo, apavorada, com medo de quem eu possa encontrar, e o que pode fazer comigo. E do medo, caso algo aconteça, da culpa que vão me incutir por ser mulher, e estar no lugar errado e na hora errada “sozinha”.

São várias as formas de violência que sofremos diariamente por sermos mulheres e que o 8 de março nos sirva para relembrarmos nossas lutas, principalmente por uma vida sem violência, e nos dê mais força e coragem para continuar lutando. 


#8DeMarço
#QueroDireito