segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O Valioso Tempo dos Maduros (Por Mário de Andrade)

O Valioso Tempo dos Maduros
Um texto de Mário de Andrade

"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade…

Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!"

Enquanto a pequena está, digamos de féria, estou na busca dela de volta... E nisso, sigo lendo versos brilhantes como esse de Mário de Andrade...
E esse sim o meu desejo: o essencial, o simples! Pessoas e sentimentos de verdade!
E isso custa tão caro, ou melhor, é tão raro...
Estive lendo num blog, dias desses, sobre um moço que leiloava seu coração... O moço (amigo da blogueira que narrava a história) só queria encontrar seu verdadeiro amor e pedia coisas tão simples em troca, mas tão raras, por sinal. Do tipo, "um olhar sorridente, colo, beijos de olhos abertos, mãos dadas", etc...
Depois de ler isso, mas uma vez concluir, que precisamos de coisas tão simples para sermos felizes, mas somos nós que complicamos as coisas! Complicamos a vida!

OBS: Não que eu esteja leiolando meu coração ou coisa do tipo, okay.

Viu como a gente complica as coisas...
(risos)

Um comentário:

Elaine Barnes disse...

O texto de Mario de Andrade é perfeito. Estou passando por isso agora no meu trabalho e tenho que mudar urgente,senão caio de joelhos ao ego.rs... Na verdade para darmos um passo precisamos inflar o ego,mas o problema não é esse e sim quando se passa do ponto,aí dá m...Se inflamos no ponto estamos mais perto do que desejamos e que geralmente é simples e sem complicação. A beleza, harmonia, amor,compaixão fazem parte da simplicidade de ser feliz. Adorei! Montão de bjs e abraços